Você já ouviu aquele refrão que não sai da cabeça e se pegou pensando: “Onde foi que já escutei isso antes?” Pois é, caro leitor, talvez você nem imagine, mas muitos dos maiores hits da história da música devem seu sucesso a uma técnica antiga, porém pra lá de moderna: o sample. Isso mesmo, aquele pedacinho de outra canção que é recortado, remixado e transformado em algo completamente novo. O resultado? Clássicos instantâneos que dominam paradas, playlists e memes por décadas. Prepare-se para uma viagem nada nostálgica, recheada de curiosidades e “eurekas” musicais que prometem explodir sua cabeça (no bom sentido, viu?).
Vamos começar pelo básico: o sample surgiu lá no final dos anos 1970, quando DJs pioneiros do hip hop como Grandmaster Flash começaram a brincar com discos de vinil, criando loops de batidas e riffs para animar festas no Bronx, Nova York. Isso virou febre, se espalhou mundo afora e, de repente, todo mundo queria um pedaço daquele groove irresistível. Mas foi no final dos anos 80 e início dos 90 que o sample se consolidou como ferramenta fundamental na produção musical—e começou a render algumas dores de cabeça jurídicas também.
Pegue, por exemplo, “Can’t Touch This” do MC Hammer. O que seria desse hino dos anos 90 sem aquele riff de baixo inconfundível? Ele é nada mais, nada menos que um sample de “Super Freak” de Rick James, lançado em 1981. O casamento foi tão perfeito que muita gente acredita que as duas músicas são, na verdade, a mesma faixa. E não para por aí: Puff Daddy (hoje mais conhecido como Diddy) também surfou na onda dos samples ao criar “I’ll Be Missing You”, homenagem a Notorious B.I.G., que se apoia na melodia de “Every Breath You Take” do The Police. Resultado? Hit mundial, Grammy no bolso e uma geração inteira chorando e dançando ao mesmo tempo.
A música eletrônica também abraçou (e muito) o sample. “Praise You”, do Fatboy Slim, por exemplo, utiliza trechos vocais de “Take Yo’ Praise”, de Camille Yarbrough, lançada em 1975. Com uma produção minimalista e criativa, Norman Cook (o Fatboy Slim) mostrou que é possível transformar uma música quase esquecida em trilha sonora de festas, comerciais e até vídeos de gatinhos no YouTube.
No Brasil, a arte do sample também tem vez. O Racionais MC’s, grande expoente do rap nacional, eternizou “Vida Loka Pt. 2” usando uma base de “Cissy Strut”, do The Meters, grupo de funk americano dos anos 70. Essa mistura de referências cria uma ponte cultural e sonora que só a música sabe fazer. Outro exemplo tupiniquim? Marcelo D2 com “Qual É?”, que traz elementos de “Fio Maravilha”, sucesso de Jorge Ben Jor. Uma verdadeira salada brasileira de criatividade.
Agora, se falamos de samples icônicos, não dá pra deixar de fora Kanye West. O rapper e produtor é praticamente o “chefe de cozinha” da arte de samplear. Em “Stronger”, ele pegou “Harder, Better, Faster, Stronger” do Daft Punk, que por sua vez já era um sample manipulado de “Cola Bottle Baby”, do Edwin Birdsong. É o famoso inception musical—um sample dentro de um sample, dentro de um outro sample.
Claro que, no início, nem todo mundo curtia essa brincadeira. Muitos artistas torciam o nariz ao ver suas criações “recicladas” sem pedir licença. Hoje, com regras mais claras e acordos financeiros (às vezes, bem generosos), o sample se tornou uma forma legítima de homenagem, reinvenção e, claro, de fazer hits explodirem nos charts. Afinal, quem resiste a um bom déjà vu sonoro?
E você, já identificou algum sample famoso em suas músicas favoritas? Topa o desafio de caçar as origens dos hits que bombam no seu fone de ouvido? Dá até para montar uma playlist só de samples e versões no Soundz (https://soundz.com.br), a plataforma de streaming de música gratuita onde você pode escutar, criar playlists e ainda ficar por dentro de tudo que rola no universo musical. E não para por aí: Soundz é também uma revista digital cheia de conteúdos variados, notícias, tendências e dicas para quem curte música (e muito mais!). Vai lá, dê o play e descubra o quanto a história da música é feita de encontros, reencontros e samples inesquecíveis!