Música

Sampler nacional: quando o rap encontra a MPB

Rap nacional e MPB: uma combinação improvável para alguns, mas uma verdadeira explosão de criatividade para quem acompanha de perto a cena musical brasileira. Se você já se pegou ouvindo um beat de rap e, de repente, reconheceu um trechinho de uma canção da Gal Costa ou um acorde do Caetano Veloso, não foi coincidência – é o famoso sampler nacional em ação, dando um tempero especial às batidas e rimas das ruas. Quer entender como essa mistura ganhou força, conquistou multidões e criou clássicos? Chega mais, porque a história é boa e cheia de curiosidades.

O sampler, para quem caiu de paraquedas, é aquela técnica marota de pegar um pedacinho de uma música já existente e inserir em uma faixa nova, geralmente manipulando o som para criar algo completamente diferente. Nos EUA, o rap fez do sampler uma arte desde os anos 1980, com DJ Kool Herc, Grandmaster Flash e companhia mostrando ao mundo que a criatividade sonora não tem limites. No Brasil, não demorou para a galera sacar o potencial dessa ferramenta – e, como bons brasileiros, deram um jeitinho de misturar tudo, principalmente o rap com a nossa Música Popular Brasileira.

O casamento entre rap nacional e MPB começou a se desenhar ainda nos anos 1990, quando grupos como Racionais MC’s apostaram em samples de clássicos nacionais. Quem não lembra do impactante “Capítulo 4, Versículo 3”, que traz uma base retirada de “Canto de Ossanha”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes? Essa faixa virou referência, mostrando que unir letras de protesto com melodias da velha guarda criava uma atmosfera única, carregada de significado e identidade.

Outros grandes nomes do rap não ficaram atrás nessa onda de explorar a MPB. Marcelo D2, por exemplo, é um verdadeiro garimpeiro de samples: em “Qual É”, ele utiliza trechos de “Com Mais de 30”, de Marcos Valle, e em “À Procura da Batida Perfeita” faz uma viagem pela sonoridade de Jorge Ben Jor. Criolo, outro gigante da nova geração, também pisa fundo nesse território, com faixas como “Não Existe Amor em SP” dialogando diretamente com harmonias e lirismo tipicamente brasileiros.

O resultado dessa mistura? Beats cheios de alma, rimas afiadas e aquela sensação de que o rap nacional é, sim, 100% brasileiro, com todas as referências e influências que só a MPB sabe entregar. A tendência ganhou ainda mais força nos anos 2000 e 2010, quando produtores como Nave, DJ Nuts e Papatinho começaram a explorar discos antigos em busca de pérolas, reciclando acordes de Cartola, Tim Maia, Elis Regina, entre outros monstros sagrados da música nacional. E não é só nostalgia não: o sampler também é uma forma de homenagear e relembrar a potência desses artistas, mantendo viva a memória cultural do país.

O uso do sampler, além de reinventar repertórios, também aproximou gerações. Muita gente jovem, que cresceu ouvindo rap, acabou sendo apresentada à MPB por causa dessas misturas – um verdadeiro portal para descobrir a riqueza da música brasileira. Não à toa, playlists que mesclam rap e MPB vivem bombando nas plataformas digitais, mostrando que a conversa entre estilos está mais atual do que nunca.

Claro, nem tudo são flores: a questão dos direitos autorais ainda é uma pedra no sapato de quem trabalha com samples, especialmente no Brasil, onde a legislação é rigorosa. Muitos artistas acabam tendo que negociar diretamente com herdeiros e gravadoras para liberar o uso das faixas, o que às vezes inviabiliza lançamentos ou obriga produtores a “esconderem” suas inspirações. Ainda assim, mesmo com esses desafios, o sampler nacional segue firme, inovando e ampliando horizontes para o rap e a MPB.

No fim das contas, quando o flow encontra a poesia da MPB, o resultado é aquela mistura que só o Brasil sabe fazer: cheia de identidade, emoção e, claro, uma batida que não deixa ninguém parado. Fica a dica: se quiser mergulhar fundo nesse universo, vale garimpar clássicos do rap nacional com aquela ouvida atenta – vai ser fácil se surpreender com recortes de músicas que você nem imaginava encontrar ali.

E para ouvir todas essas misturas e criar sua própria playlist cheia de clássicos do rap e da MPB, é só colar no Soundz (https://soundz.com.br) – plataforma de streaming de música grátis, para escutar suas músicas favoritas, criar playlists e ainda ficar por dentro de uma revista digital completa de diferentes assuntos. Solta o play, porque a batida não pode parar!

O que achou ?

Artigos relacionados