Por que o álbum “The White Album” dos Beatles é tão influente

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Se existe um disco que virou símbolo máximo de criatividade e ousadia no universo da música pop, esse disco é o “The White Album” dos Beatles. Lançado oficialmente em 22 de novembro de 1968, o álbum duplo – cujo nome verdadeiro é apenas “The Beatles” – ficou eternizado pela capa branca minimalista e o conteúdo maximalista. Afinal, são 30 faixas que passam por quase tudo: do folk ao hard rock, da paródia ao experimentalismo maluco. Esse caldeirão sonoro não só expandiu os limites do que um álbum de rock poderia ser, mas também influenciou literalmente gerações inteiras de músicos, produtores, artistas e até mesmo ouvintes.

Mas afinal, por que o “The White Album” é considerado tão revolucionário? Para começar, ele representa um marco na história dos Beatles: a banda já vinha de uma fase psicodélica e altamente experimental, marcada pelo “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967), e resolveu, aqui, desconstruir tudo. É quase como se os Beatles tivessem passado a noite em claro, ouvindo blues, música clássica, música eletrônica e até folk russo, e decidido gravar absolutamente tudo o que viesse à cabeça. E gravaram! Cada faixa do álbum parece ter uma personalidade própria. Temos o folk quase acústico de “Blackbird”, o rock pesado e precursor do metal em “Helter Skelter”, o clima zen de “Dear Prudence”, a balada clássica “While My Guitar Gently Weeps”, a psicodelia visceral de “Happiness is a Warm Gun” e até um “Revolution 9”, faixa experimental que parece saída de um pesadelo de Salvador Dalí.

Se o álbum é uma salada, cada ingrediente foi escolhido a dedo. Parte dessa diversidade se deve ao fato de que, durante boa parte das gravações, os Beatles trabalhavam separados. O clima nos estúdios de Abbey Road não era dos mais felizes – diga-se de passagem, ali nascia o fim dos Beatles como um grupo unido. Mas a criatividade explodiu de forma individual: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr trouxeram suas próprias ideias, e cada um ganhou espaço para brilhar. O resultado foi um disco múltiplo, multifacetado, impossível de ser rotulado.

Outra influência clara do “The White Album” foi abrir caminho para o conceito de “álbum duplo” no rock. Antes dele, a ideia de um artista lançar tanto material inédito de uma vez só parecia coisa de maluco (ou de gente muito pretensiosa). Depois dos Beatles, muitos quiseram seguir a tendência: desde o Pink Floyd até o Guns N’ Roses, o formato virou desafio para quem quisesse mostrar ousadia artística.

No quesito produção, o álbum também inovou. Com técnicas de gravação experimentais e uso de novos instrumentos – como sintetizadores, fitas ao contrário, instrumentos indianos e até panelas sendo batidas – o disco antecipou tendências que só se popularizariam anos depois. O lendário produtor George Martin, conhecido como o “quinto Beatle”, foi crucial para dar coesão à bagunça criativa, costurando as ideias e mantendo, de alguma forma, a unidade do disco.

E por falar em letras, o “The White Album” é um verdadeiro mosaico de temas: tem sátiras sociais (“Piggies”), críticas políticas (“Revolution 1”), nostalgia (“Julia”), brincadeiras nonsense (“Ob-La-Di, Ob-La-Da”) e até devaneios metafísicos (“Glass Onion”). Cada música traz um universo à parte, e ouvir o disco do começo ao fim é quase como embarcar numa viagem – daquelas que você não sabe onde vai terminar, mas não quer perder nenhum capítulo.

Desde o lançamento, as faixas do álbum foram regravadas por centenas de artistas, inspiraram filmes, livros, teses de doutorado e influenciaram praticamente todos os gêneros que surgiram depois: do punk ao prog rock, do indie ao pop. “Helter Skelter”, por exemplo, já foi citada como uma das pré-moldes do heavy metal. “Blackbird” se tornou hino de resistência e direitos civis. E poucas bandas conseguem dizer que fizeram tanto barulho (literalmente e figurativamente) com um disco tão diverso.

Hoje, quase seis décadas depois, “The White Album” segue sendo estudado, idolatrado e, claro, ouvido por gerações novas e antigas. Seu legado é tão vasto que parece não caber em um texto só – mas cabe muito bem na história da música, como uma das maiores demonstrações de liberdade criativa de todos os tempos. Se você ainda não mergulhou nesse clássico, vale a pena separar umas horinhas para a experiência completa.

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