Se existe algo que faz o coração do carioca bater mais forte, é o som do batuque ecoando pela Marquês de Sapucaí. E, convenhamos, o Carnaval do Rio de Janeiro não é simplesmente uma festa: é um verdadeiro espetáculo audiovisual, onde cada escola de samba desfila verdadeiras óperas a céu aberto, contando enredos que emocionam, inspiram, fazem rir ou pensam. Ao longo dos anos, diversos enredos se tornaram memoráveis, marcando para sempre a história do samba, e, claro, a memória afetiva de milhões de foliões – e curiosos de plantão!
Prepare-se para uma viagem no tempo e no ritmo, porque vamos recordar alguns dos enredos mais marcantes das escolas de samba cariocas. Spoiler: tem história, crítica social, mitologia, cultura pop, muita criatividade e até homenagem à brasileiríssima feijoada!
Já que ninguém começa um samba-enredo pelo fim, que tal lembrar o mítico desfile da Beija-Flor em 1989, “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”? Sob o comando de Joãosinho Trinta, a escola de Nilópolis chocou (e encantou) o público ao abordar a desigualdade social com um cenário… digamos, bem realista. Lixo, sucata e muita ousadia foram desfilados, inclusive com a polêmica estátua do Cristo Redentor coberta porque “quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta é de luxo!”. Esse enredo ficou gravado como um dos mais provocativos e inovadores da história do carnaval.
Agora, se o assunto é inovação, não tem como esquecer a Unidos de Vila Isabel em 2013 com “A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo – ‘Água no feijão que chegou mais um’”. Com um samba pra lá de animado, a escola homenageou a agricultura, a cultura alimentar brasileira e, claro, o nosso famoso jeitinho de esticar a comida pra receber mais um na mesa! O desfile foi uma verdadeira celebração da fartura e da diversidade, com direito a uma imensa panela de feijão na avenida.
Falando em homenagens, a Estação Primeira de Mangueira escreveu história em 2019 com o emocionante “História pra ninar gente grande”. O enredo recontou o Brasil a partir do olhar dos invisibilizados, destacando os heróis e heroínas negros, indígenas e populares, muitas vezes ignorados pelos livros didáticos. O samba foi um sucesso instantâneo, virou hino nos protestos, e a escola conquistou o campeonato com um desfile emocionante que arrancou lágrimas até dos jurados mais sérios.
Quem também fez bonito foi a Unidos da Tijuca. Em 2010, com “É Segredo!”, a escola inovou com truques de ilusionismo e efeitos especiais, criando um clima de magia nunca antes visto na Sapucaí. O enredo, que celebrava segredos e mistérios da humanidade, ficou famoso por seus carros alegóricos com transformações surpreendentes ao vivo, deixando todo mundo boquiaberto.
Claro que não dá pra falar de enredos inesquecíveis sem lembrar da Portela e seu desfile de 2017, “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar?”. A escola exaltou o Rio de Janeiro e, em especial, o Rio Maravilhoso – nosso querido Rio de Janeiro –, com um samba lírico, poético e imagens que pareciam pinturas vivas na avenida. Após um jejum de mais de 30 anos sem campeonato, a vitória foi pura emoção em azul e branco.
Já a Salgueiro, em 1969, elevou o patamar dos desfiles temáticos com “Bahia de Todos os Deuses”. O enredo homenageou a cultura afro-brasileira e os orixás, trazendo para o samba uma representatividade tão necessária quanto impactante. A escola colocou o candomblé e a religiosidade de matriz africana no centro do espetáculo, abrindo alas para discussões importantes sobre cultura e identidade.
E se falamos em cultura, não é possível esquecer o desfile da Imperatriz Leopoldinense em 1989, com “Liberdade, Liberdade, Abra as Asas Sobre Nós”. O enredo homenageou a abolição da escravidão e a busca pela liberdade, com alegorias grandiosas e um samba que até hoje ecoa forte nos corações dos amantes do carnaval.
Para quem aprecia história e mito, a Mocidade Independente de Padre Miguel fez bonito em 1990 com “Vira, virou, a mocidade chegou!”. O enredo abordou o folclore brasileiro, trazendo sacis, curupiras e outros personagens mágicos para a Sapucaí, em um espetáculo de criatividade e brasilidade.
O Carnaval do Rio é, acima de tudo, um palco democrático: espaço de protesto, festa, celebração, memória e resistência. Os enredos inesquecíveis das escolas de samba mostram que, por trás de cada batuque, há arte, história e muita emoção. Seja relembrando lendas, denunciando injustiças, celebrando o povo ou simplesmente botando todo mundo pra sambar, os desfiles cariocas seguem fazendo história – e prometem muito mais nos próximos carnavais.
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