Prepare-se para um mergulho profundo nas entrelinhas, rabiscos e devaneios de um dos maiores ícones do rock alternativo: Kurt Cobain. O documentário “Kurt Cobain: Montage of Heck”, lançado em 2015 e dirigido por Brett Morgen, não é apenas um filme sobre a vida do vocalista do Nirvana — é uma viagem intensa, visceral e, em muitos momentos, desconfortável pela mente brilhante (e perturbada) de um artista que mudou a música para sempre. E se você acha que já viu todos os ângulos da história de Cobain, prepare-se: “Montage of Heck” guarda algumas verdades ocultas que nem os fãs mais hardcore imaginavam.
O documentário se destaca pela abordagem única: ao invés de recorrer apenas a entrevistas e imagens de arquivo, utiliza animações psicodélicas, gravações caseiras inéditas, diários pessoais repletos de desenhos e confissões e até fitas de áudio que Kurt registrou trancado em seu quarto, como se estivesse conversando diretamente com o espectador. O resultado? Uma experiência sensorial que vai muito além dos clichês do “rockstar autodestrutivo”.
Uma das primeiras camadas que o filme descasca é a infância complicada de Cobain. Montando o quebra-cabeça de sua juventude, o documentário mostra como o divórcio dos pais e a sensação de rejeição marcaram profundamente o desenvolvimento emocional de Kurt. Não é teoria de fã conspiracionista: os próprios diários manuscritos mostram a angústia do garoto de Aberdeen, de frases carregadas de autodepreciação até desenhos de monstros e alienígenas representando seu sentimento de isolamento. Fica nítido que, para Cobain, o palco era tão refúgio quanto armadilha.
Outra verdade pouco explorada: o documentário revela que Kurt já manifestava uma veia artística muito antes de empunhar a guitarra. O filme traz à tona vídeos caseiros no qual ele faz experimentos com stop-motion, desenha obsessivamente e narra pequenas histórias animadas. Esse lado visual pouco mencionado da carreira de Cobain mostra que sua arte não era limitada ao Nirvana — havia um universo inteiro de criatividade borbulhando ali, às vezes até mais escuro do que qualquer riff pesado.
Polêmicas familiares também não escapam do olhar de “Montage of Heck”. A relação conturbada de Kurt com seus pais, especialmente com o pai Don, é exposta sem filtros, com entrevistas que revelam ressentimentos de ambas as partes. O filme ainda expõe gravações inéditas da mãe de Cobain, Wendy, e da madrasta, criando um retrato multifacetado sobre como a família influenciou (ou traumatizou) o jovem Kurt.
Mas talvez o maior choque para os espectadores seja o conteúdo das fitas caseiras, especialmente aquele emblemático “Montage of Heck” — uma miscelânea sonora alucinante criada por Cobain na adolescência, misturando músicas, barulhos, piadas internas, sons de desenhos animados e até trechos de comerciais de TV. É como acessar, sem senha, a mente caótica de um gênio criativo. Nessas gravações, percebe-se um humor ácido, uma sagacidade muitas vezes ignorada quando se fala do “Kurt depressivo”.
O documentário não poupa detalhes sobre seu relacionamento intenso e polêmico com Courtney Love. As imagens e trechos inéditos revelam tanto o amor avassalador quanto os períodos sombrios do casal. “Montage of Heck” humaniza Courtney, fugindo do estereótipo da “vilã” e mostrando o quanto ela também foi vítima do furacão emocional que era conviver com Cobain. E, claro, sempre há espaço para as teorias de conspiração dos fãs — mas o filme faz questão de focar no lado artístico e íntimo, evitando sensacionalismos gratuitos.
Outro ponto relevante é a abordagem franca sobre o uso de drogas. O filme não glamuriza os excessos, mas também não esconde a autodestruição progressiva de Kurt. Ao invés de condenar, o documentário apresenta a dependência química como um sintoma das dores profundas que ele carregava desde cedo. O espectador acompanha, quase em tempo real, a escalada do vício e as tentativas frustradas de encontrar alívio.
Por fim, “Montage of Heck” escancara o processo criativo de Kurt Cobain como poucos documentários biográficos. Ver trechos de músicas em estágios embrionários, desenhos que depois virariam capas de álbuns e gravações de ideias malucas nunca lançadas é um presente para qualquer fã de música. O filme mostra que, por trás da imagem do roqueiro rebelde, havia um artista sensível, metódico e, acima de tudo, obcecado pela autenticidade.
Em suma, se você achava que sabia tudo sobre Kurt Cobain, prepare-se: as verdades ocultas reveladas por “Montage of Heck” vão muito além dos mitos e das manchetes sensacionalistas. É um convite para olhar além do grunge, além das manchetes trágicas, e enxergar o ser humano complexo, criativo e, sim, profundamente imperfeito.
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