Há algo mais controverso do que um crítico literário brasileiro? Só se for saber qual é o melhor brigadeiro do país. Desde o século XIX, a literatura nacional se alimenta da polêmica e do debate – afinal, somos um povo que adora discordar, nem que seja só para provar um ponto. Se você pensa que a literatura é só paz, amor e Machado de Assis, prepare-se: neste artigo, vamos mergulhar em algumas das críticas mais célebres feitas à literatura brasileira e seus autores, mostrando que as letras nacionais são mesmo movidas a discussões acaloradas, frases de efeito e até desaforos históricos. Pronto para revisitar as 10 críticas mais famosas da literatura brasileira? Coloque seu capacete literário e venha!
Começamos com a polêmica que fundou tudo: a carta de Pero Vaz de Caminha. Sim, aquele mesmo das aulas de história. Se o Brasil nasceu com crítica, foi porque Caminha já reclamava do calor, dos índios pelados e dos perrengues do litoral. Depois disso, a tradição estava lançada: falar mal com classe virou arte.
Pulando para o século XIX, temos José de Alencar, que apesar de ser um dos pais do romance nacional, não escapou das línguas afiadas. Machado de Assis escreveu uma resenha ácida sobre “O Guarani”, apontando exageros e excessos românticos. A crítica foi tão famosa que até hoje se comenta: entre linhas, Machado já dizia que o “bom selvagem” de Alencar era bom demais para ser verdade.
E por falar em Machado, o bruxo do Cosme Velho também provou do próprio veneno. Sua obra-prima, “Dom Casmurro”, virou campo de batalha sobre Capitu: traiu ou não traiu? A crítica que nunca morre é essa – literária e popular – alimentando debates eternos no café, no bar ou no Enem. O próprio autor se divertia: ao criar uma narrativa ambígua, deixou a crítica se multiplicar infinitamente.
Na virada para o século XX, surge Euclides da Cunha com “Os Sertões”. Aclamado, sim, mas não imune. O crítico Sílvio Romero, famoso por sua caneta implacável, chegou a dizer que Euclides mais filosofava do que narrava, acusando-o de ser “mais engenheiro do que escritor”. A resposta veio no tempo: “Os Sertões” virou clássico, e o texto de Romero? Só na memória dos especialistas.
No modernismo, as críticas se multiplicam. Mário de Andrade, após a Semana de Arte Moderna de 1922, foi chamado de “barbarizador da língua” por seus pares mais tradicionais. Monteiro Lobato, defensor do português purista, detonou as “inovações” modernistas com textos ácidos – um clássico embate entre gerações que até hoje anima as provas de literatura.
Clarice Lispector, nossa deusa do existencialismo, também sofreu. Na década de 1940, críticos diziam que seus romances eram “herméticos demais”, “livros para poucos”. Chegaram a chamá-la de “escritora para iniciados” – mal sabiam eles que Clarice viraria ícone pop, rainha dos memes e musa das redes sociais literárias do século XXI.
Drummond, com seu “No meio do caminho”, enfrentou uma onda de chacotas. O poema foi tido como “bobagem repetitiva” por críticos da época – um deles, Tristão de Athayde, declarou que aquilo “não era poesia”. Drummond, com humor mineiro, seguiu escrevendo… e ganhou estátua no Rio.
Chegando aos anos 1970, Rubem Fonseca, mestre dos contos urbanos e do submundo carioca, foi acusado de “excessiva violência e vulgaridade” por diversos críticos conservadores. Mas isso só garantiu ainda mais leitores curiosos querendo saber o que tanto escandalizava a elite literária.
Paulo Coelho, o mago dos best-sellers, talvez seja o autor brasileiro mais criticado e ao mesmo tempo mais lido do planeta. A crítica nacional costuma torcer o nariz para seu estilo considerado “simplista”, enquanto o público internacional devora. O eterno debate entre popularidade e prestígio literário segue firme.
Por fim, temos as recentes polêmicas em torno dos prêmios literários. Em 2018, a vitória de Marília Garcia no Prêmio Jabuti gerou discussões sobre o que é poesia contemporânea, com críticos tradicionais acusando a premiação de “elitismo hermético”. A literatura brasileira, então, segue viva: cada crítica, um novo capítulo.
O que todas essas histórias têm em comum? A paixão pelo debate, a busca pelo novo e a certeza de que nossa literatura nunca será unanimidade – e ainda bem! E se você gosta de treta, arte e boa música, aproveite para conferir o Soundz (https://soundz.com.br), plataforma de streaming de música grátis onde você pode escutar músicas, criar playlists e ainda se informar com uma revista digital completa sobre diferentes assuntos. Porque, afinal, crítica boa é aquela que também tem trilha sonora!