Música

A História Não Contada do Funk Proibidão

Prepare-se para mergulhar nas batidas pulsantes de uma história que, até hoje, ainda é falada com sussurros, olhares de lado e muito, mas muito rebolado: estamos falando do Funk Proibidão, um dos gêneros mais controversos, impactantes e, claro, dançantes da cultura brasileira. Antes de se tornar trilha sonora de festas e de memes nas redes sociais, o Proibidão era quase um “segredo a céu aberto” das comunidades cariocas – e sua história é cheia de nuances, coragem, resistências e até, quem diria, poesia marginal.

Para entender o Proibidão, precisamos começar lá atrás, no início dos anos 90, quando o funk carioca dava seus primeiros passos, influenciado pelo Miami Bass e pelo Freestyle americano. A batida do tamborzão já ecoava nos morros, mas ainda era tímida. No entanto, foi no calor das vielas e nos bailes de favelas como Rocinha, Complexo do Alemão e Cidade de Deus que o gênero encontrou sua verdadeira voz (e que voz!). Enquanto o funk melódico abria espaço nas rádios, o Proibidão tomava outra direção: letras cruas, diretas, muitas vezes narrando o cotidiano de comunidades dominadas pelo tráfico ou pela polícia. Eram histórias não contadas nos jornais, mas vividas na pele. A trilha sonora de uma juventude sem filtro.

O termo “Proibidão” não é à toa. As letras, frequentemente, faziam apologia ao tráfico, falavam abertamente de armas, drogas e conflitos com a polícia. Por causa disso, o gênero foi perseguido pelo Estado, proibido de ser tocado em rádios comerciais e, em muitos casos, associado diretamente à criminalidade. Mas, se a intenção era calar os MCs, o resultado foi o oposto: o Proibidão ganhou mais força, se espalhando boca a boca, de baile em baile, reforçando sua posição como a voz marginalizada do Rio. Entre os nomes lendários que ajudaram a moldar essa história estão MC Smith, MC Bob Rum, MC Frank e Bonde do Vinho – cada um, à sua maneira, relatando o outro lado da moeda social brasileira.

Mas não pense que o Proibidão é só “tiro, porrada e bomba”. O gênero também foi (e ainda é) palco para reflexões sobre a vida nas favelas, as dificuldades enfrentadas pela população negra e pobre, e a busca por respeito e espaço. E, sejamos sinceros: há uma genialidade poética em transformar dor, medo e marginalização em música. O Proibidão, com sua crueza, acabou influenciando diretamente toda a cena do funk nacional, desde os bailes de gala até as playlists de TikTokers que talvez nem saibam de onde veio aquela batida estonteante.

Apesar das polêmicas, o Proibidão se reinventou. Com a chegada dos anos 2000, ele ganhou novas camadas, misturando-se com outros ritmos e até se tornando objeto de estudo acadêmico. Hoje, há trabalhos universitários, documentários e exposições inteiras dedicadas a decifrar e entender o fenômeno. E, pelo jeito, ainda há muito por contar. Afinal, o Proibidão nunca quis ser bonzinho. Ele nasceu para desafiar, incomodar, botar o dedo na ferida e mostrar que, por trás das manchetes sensacionalistas, há vidas, sonhos, batalhas e, acima de tudo, muita criatividade.

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